Dois anos do 8/1: Governo reintegra ao acervo da Presidência obras de arte vandalizadas nos atos golpistas
08/01/2025
Presidente Lula participou da reintegração de obras. Elas foram danificadas em gabinetes e áreas abertas do Planalto, um dos prédios invadidos por extremistas. Ao todo, foram entregues 21 itens. Nos 2 anos dos ataques golpistas, governo faz ato com 'abraço pela democracia'
Dois anos após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o governo reintegrou ao acervo da Presidência da República obras de arte vandalizadas pelos extremistas. Ao todo, foram entregues 21 itens.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da reintegração das obras, que ocorreu na primeira parte da cerimônia que marca os dois anos dos ataques antidemocráticos.
A primeira-dama Janja foi a primeira a discursar durante o evento.
"Dois anos após a tentativa de destruição da nossa democracia e dos prédios que simbolizam os Poderes da República, estamos aqui. Não para lamentar, mas muito menos para esquecer. Estamos aqui para celebrar e reforçar a democracia, e para entregar ao povo brasileiro o seu patrimônio inteiramente restaurado", afirmou.
"A vontade do povo brasileiro de lutar pelas liberdades democráticas, junto da união das nossas instituições, impediram a perpetuação de um golpe de Estado há dois anos. O país não aceita mais o autoritarismo", prosseguiu.
A primeira-dama ainda citou que o Palácio do Planalto foi vítima do "ódio que estimula e continua estimulando atos antidemocrático e falas fascistas". Ela pontou que a resposta para isso é a união, a solidariedade e o amor.
Janja também citou a cultura e a diversidade como aliadas à democracia.
Janja fala na cerimônia dos 2 anos dos atos golpistas de 8 de janeiro
Reprodução/Youtube
Segundo o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, o governo investiu R$ 2 milhões no restauro das obras.
Os recursos também viabilizaram acesso de alunos da rede pública de ensino a ações de educação patrimonial e a produção de um livro sobre a recuperação das peças.
O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, afirmou que o restauro do relógio do século XVII é um exemplo da parceria entre os dois países.
"A restauração foi complexa. Precisou da excelência, mas também da criatividade e do jeitinho suíço-brasileiro", disse.
De acordo com o embaixador, foram mais de mil horas de trabalho, entre Brasil e Suíça, para viabilizar o restauro da peça e treinar profissionais que poderão fazer a manutenção do relógio.
Lula observa vaso e relógio histórico restaurados no ato pelos 2 anos dos atos golpistas de 8 de janeiro
Evaristo Sá/AFP
"Acho que é fundamental valorizar e cuidar das nossas relações, da nossa amizade, dos nossos direitos humanos e das nossas democracias, que são delicadas e, ao mesmo tempo, resilientes como esse relógio que volta aqui, hoje, no coração do Brasil. Viva ao Brasil, viva a Suíça. Celebramos nossa amizade e cooperação", afirmou.
Obras entregues
Entre as obras recuperadas estão um relógio de pêndulo do século XVII, uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada e o quadro "As Mulatas", do pintor Di Cavalcanti.
Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle
Ânfora italiana em cerâmica esmaltada
Escultura O Flautista, de Bruno Giorgi
Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín
Quadro com a pintura Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti
Quadro com pintura do retrato de Duque de Caxias, de Oswaldo Teixeira
Quadro representando galhos e sombras, de Frans Krajcberg
Quadro com a pintura Fachada Colonial Rosa com Toalha
Quadro com a pintura Casarios, de Dario Mecatti
Quadro com a pintura Cena de Café, de Clóvis Graciano
Quadro com a pintura Paisagem, de Armando Viana
Pintura de Glênio Bianchetti
Pintura de Glênio Bianchetti
Pintura de Glênio Bianchetti
Pintura de Glênio Bianchetti
Pintura de Glênio Bianchetti
Quadro com a pintura Matriz e Grade no primeiro plano, de Ivan Marquetti
Quadro Rosas e Brancos Suspensos, de José Paulo Moreira da Fonseca
Tela Cotstwold Town, de John Piper
Tela de Grauben do Monte Lima
Tela Bird, de Martin Bradley
As obras foram danificadas há dois anos em gabinetes e áreas abertas do Planalto, um dos prédios invadidos por extremistas.
Nem todas as peças recuperadas deverão ficar no Planalto, sede do Poder Executivo, já que alguns itens pertencem ao acervo da residência oficial do Palácio da Alvorada.
Relógio que foi restaurado.
Reprodução/ CanalGov
O restauro do relógio, um presente da corte francesa a Dom João VI, que se tornou rei de Portugal e trouxe a família real para o Brasil em 1808, foi feito graças um acordo de cooperação com o governo da Suíça.
Segundo o governo brasileiro, a empresa suíça de relojoaria Audemars Piguet, criada em 1875, fez o restauro e arcou com custos de mão de obra e de materiais.
As outras 20 obras foram restauradas em um laboratório montado no Palácio da Alvorada após um acordo de cooperação do Planalto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estabeleceu parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
"Abraço" da democracia
Lula e representantes do Congresso e do Judiciário participam, após a reintegração das obras ao acervo da Presidência, de uma cerimônia no Salão Nobre do Planalto.
Encerrada a solenidade, Lula e os demais convidados descerão a rampa do Planalto e irão até a Praça dos Três Poderes para o "abraço da democracia", um ato simbólico que também terá a participação de movimentos sociais e apoiadores do presidente.
Lula optou neste ano por fazer um ato no Palácio do Planalto. Em 2023, o presidente foi até o Congresso Nacional para a cerimônia relativa ao tema.
O governo entende que a data precisa se tornar um marco pela defesa da democracia, em especial após a Polícia Federal revelar detalhes de uma trama coordenada por apoiadores e auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro para impedir a posse de Lula.